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16 de Abril de 2024
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    Educação física nas escolas pode contribuir para descoberta de atletas

    A valorização do ensino da educação física nas escolas, além de contribuir para a qualidade de vida dos alunos, pode servir como base para o surgimento de futuros atletas. Essa opinião foi defendida pelo 1º-vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física, Adailton Eustáquio Magalhães, que participou, na manhã desta quinta-feira (26/11/09), do segundo dia de atividades da etapa final do Seminário Legislativo Esporte, Infância e Adolescência - Caminho para a Cidadania , no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O encontro é promovido pela ALMG em parceria com várias entidades, e teve quatro etapas regionais.

    Entre os assuntos debatidos na manhã desta quinta-feira (26), estão as ações desenvolvidas para o incentivo ao esporte de rendimento, que consiste no esporte praticado pelos atletas, de acordo com as regras nacionais e internacionais, e tem como objetivo a obtenção de resultados. Adailton Eustáquio Magalhães destacou que a escola é um espaço importante para detectar os alunos com maior capacidade para a prática esportiva e que podem futuramente praticar o esporte de rendimento. "O professor de educação física tem um papel fundamental, pois ele é o profissional que deverá observar os alunos e direcionar para os clubes ou para as federações aqueles que se destacam na turma", afirmou.

    Nesse sentido, o secretário adjunto de Estado de Esportes e Juventude, Rogério Romero, explicou que o governo vem desenvolvendo programas como o Minas Olímpica, com o objetivo de melhorar e incentivar a prática esportiva nas escolas, investindo na base e procurando com isso apoiar os talentos que surgem. A superintendente de Esporte Educacional da Secretaria de Esporte e Juventude, Márcia Campos Ferreira, afirmou que em 2009 o Minas Olímpica atendeu 25 mil jovens em 190 municípios.

    A superintendente destacou que a formação através do esporte é hoje uma prioridade do Governo do Estado. Márcia Campos Ferreira falou ainda sobre os Jogos Escolares de Minas Gerais, que são realizados desde 1977 e vêm contribuindo para ampliar a prática esportiva nas escolas. "Nos últimos três anos conseguimos aumentar a regionalização da competição. Atualmente 70% dos jogos são realizados no interior", afirmou. Segundo ela, em 2009 participaram do evento mais de 160 mil atletas de 4 mil escolas de 604 municípios.

    Parceria entre secretarias potencializa resultados

    A parceria entre as Secretarias de Estado de Educação e de Esportes e Juventude foi destacada pela deputada Gláucia Brandão (PPS), que coordenou os debates. Para a parlamentar, a ação do governo vem contribuindo para a potencialização dos resultados dos programas desenvolvidos em Minas Gerais. Um dos exemplos dessa parceria, citados por Márcia Campos Ferreira, é o aprimoramento do esporte escolar e das aulas de educação física nas escolas de tempo integral, em que a Secretaria de Esportes contribuiu na elaboração de material pedagógico distribuído para os professores. Outro destaque é a participação dessa secretaria na qualificação dos professores de educação física, sendo que nos últimos dois anos foram capacitados mais de 1.200 profissionais.

    A subsecretária de Estado de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elisabete Santos, afirmou que o governo vem buscando consolidar, renovar e valorizar o ensino da educação física nas escolas. "Nosso objetivo é equipar e atender todas as escolas, pois essa disciplina pode contribuir para a descoberta de alunos com aptidão para a prática de esportes", afirmou. Segundo ela, nos últimos anos a secretaria reformou e construiu 1.300 quadras, além de ter investido na distribuição de material esportivo para as escolas, na formação dos professores e na elaboração de material didático.

    Raquel Elisabete Santos também destacou que a educação física nas escolas tem um papel fundamental na formação da cidadania. Segundo ela, existem hoje vários exemplos de escolas que tinham sérios problemas de disciplina e violência e que, após o desenvolvimento de um projeto voltado para o ensino de educação física, as dificuldades foram superadas.

    Clubes têm papel fundamental na descoberta dos atletas

    O papel dos clubes na descoberta e formação dos atletas no Brasil foi outro assunto debatido na manhã desta quinta-feira (26). Segundo o presidente do Minas Tênis Clube, Sérgio Bruno Zech Coelho, existem 13.826 clubes no Brasil, e eles são os grandes responsáveis pela descoberta e treinamento dos atletas. Ele citou como exemplo o fato de que dos 277 atletas brasileiros que participaram das Olimpíadas de Pequim, 213 (77%) foram formados em clubes.

    Apesar desse papel importante dos clubes no esporte nacional, Sérgio Bruno Coelho destacou que apenas com a aprovação da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, em 2007, eles passaram a receber incentivos e apoio financeiro. "Até então, sempre tivemos que investir no esporte por conta própria", afirmou.

    Sobre o Minas, Sérgio Bruno Coelho afirmou que, desde a sua fundação, o clube tem compromisso com o desenvolvimento do esporte. Segundo ele, atualmente cerca de 6 mil crianças participam das escolas do Minas. "É importante não só pensar nos talentos descobertos nas nossas escolas e que representam uma pequena parcela no número total de alunos, mas também na formação desse grande número de crianças, que vão levar para a sociedade os princípios da cidadania", considerou.

    Atletas mineiros - Por fim, o subsecretário Rogério Romero falou sobre as ações desenvolvidas com o objetivo de incentivar o surgimento de atletas e a prática do esporte de rendimento no Estado. Segundo ele, uma das metas é aumentar a participação de atletas mineiros nos Jogos Olímpicos. Nas Olimpíadas de 2004, em Atenas, participaram 22 atletas mineiros; e, em 2008, em Pequim, foram 29 atletas.

    Rogério Romero citou como exemplos de ações a construção de uma pista de atletismo e um centro de treinamento, em parceira com a UFMG; a construção e recuperação de mais de mil quadras e ginásios; a regulamentação da Bolsa Atleta; e o incentivo à realização de eventos esportivos internacionais no Estado. Ele ainda falou sobre programas de incentivo à prática de esporte entre portadores de deficiência, além das oficinas para a formação de atletas no Estado.

    Esporte paraolímpico cresce desde Atlanta

    A criação de um centro nacional de formação de profissionais paraolímpicos em Uberlândia foi apontada pelo pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Alberto Martins Costa, como uma importante contribuição do Estado para o Brasil. Segundo ele, a evolução na participação dos atletas nas últimas quatro paraolimpíadas demonstra a necessidade de se pensar em um projeto maior para o esporte e para a pessoa com deficiência.

    Desde as Paraolimpíadas de Atlanta, em 1996, o número de atletas brasileiros com deficiência subiu de 59 para 188, nas Olimpíadas de Pequim (2008). Nesse mesmo período, o número de medalhas conquistadas subiu de 21 para 47. O Brasil alcançou, em Pequim, o 9º lugar na tabela de classificação, enquanto em Atlanta ocupou a 37ª posição no quadro de medalhas. "O Brasil é hoje uma potência paraolímpica, e quais as perspectivas e compromissos daqui para frente?", questionou. O professor também enfatizou a importância do esporte para a inclusão e a reabilitação social, psicológica e emocional da pessoa com deficiência.

    Expositores condenam esporte de rendimento na infância

    O trabalho infantil no esporte foi duramente combatido pelos expositores que trataram do tema. A promotora de Justiça da Infância e Juventude de Belo Horizonte, Matilde Fazendeiro Patente, foi enfática ao afirmar que as crianças não podem ser afastadas do convívio familiar e da escola para se dedicarem ao esporte de rendimento. De acordo com a promotora, as crianças devem praticar o esporte de entretenimento, junto à sua comunidade. "As crianças e adolescentes levados pelos empresários para se profissionalizarem não têm acompanhamento psicológico para lidar tão precocemente com a competição", acrescentou.

    Matilde Patente defendeu a criação de centros esportivos regionais que possam oferecer às crianças, sobretudo às carentes, acesso às diversas modalidades de esporte. Para a presidente do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente, Elvira Cosendey, é fundamental que as escolas disponham de equipamentos para a prática esportiva universal e de profissionais preparados e bem remunerados. "Temos que sair daqui com um plano estadual do esporte, e depois lutar para que os recursos sejam garantidos nas leis orçamentárias", defendeu. A deputada Gláucia Brandão explicou que o plano decenal será discutido na Assembleia no próximo ano e que também haverá uma conferência sobre o tema.

    A presidente do Fórum de Combate ao Trabalho Infantil também apresentou denúncias feitas pelo jornal Estado de Minas em 2006, sobre o mercado infantil do esporte. Ela afirmou que, em vistorias realizadas com o Ministério Público, encontraram crianças e adolescentes de clubes pequenos e grandes em dormitórios coletivos, sem lençóis e sem privacidade; banheiros sem porta; ambientes fétidos, sem higiene e com paredes mofadas. Além disso, ela afirmou que os jovens lavam as próprias roupas e não têm acesso à escola nem ocupação ou lazer nas horas livres. "Se eles não alcançam o sucesso, que é para poucos, voltam para casa sem estudo ou outra opção de profissionalização", afirmou. Ela acrescentou ainda que há denúncias de pedofilia nos clubes.

    A garantia de proteção especial na infância e adolescência, prevista no artigo 227 da Constituição Federal, foi lembrada pelo procurador do Trabalho Genderson Silveira Lisboa. Ele explicou que o texto constitucional é bastante claro quanto ao trabalho infantil, que é permitido somente a partir dos 16 anos. Aos 14 anos, a Constituição aceita que o adolescente trabalhe como aprendiz, mas também nesse caso deve ter preservados os direitos trabalhistas e previdenciários. "Os direitos fundamentais ao estudo, lazer e convívio familiar não podem ser desprezados em situação nenhuma", completou, dizendo que o atleta aprendiz também exerce um trabalho.

    "O esporte de rendimento tem limites morais e legais", enfatizou. O procurador lembrou que a Constituição e a Lei Pelé determinam que o Estado deve priorizar investimentos no desporto educacional, que é inclusivo.

    A vice-diretora da Faculdade de Direito da UFMG, Silma Mendes Berti, fez uma exposição sobre a conceituação de bioética e sua aplicação no esporte. De acordo com ela, a bioética refere-se à ética no trato da vida, com foco na pessoa. A bioética, segundo Silma Berti, deve ser usada para humanizar as situações cotidianas. "É preciso dar consciência à ciência", concluiu.

    O deputado João Leite (PSDB) deu um depoimento sobre sua carreira de atleta profissional. Na opinião do parlamentar, no Brasil os jogadores de futebol sempre foram discriminados. A profissão só foi regularizada em 1976, quando os atletas passaram a ter registro e carteira profissional. Ele acrescentou que hoje a prática do esporte de rendimento é acompanhada por profissionais de nível acadêmico e os atletas brasileiros são reconhecidos mundialmente como embaixadores do esporte.

    Debates - Na fase de debates, os participantes puderam esclarecer dúvidas e sugerir propostas. Dentre as muitas sugestões, a que pedia a criação de uma comissão permanente na ALMG para os assuntos relacionados ao esporte e a juventude chamou a atenção do deputado João Leite e da deputada Gláucia Brandão. A parlamentar se mostrou na expectativa de que os grupos de trabalho formalizem este pedido.

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